CHICAGO, segunda-feira, 4 de outubro de 2010 (ZENIT.org) - A frase "você é meu outro eu" cativou a imaginação e o compromisso de 450 líderes hispânicos dos Estados Unidos para melhorar a sociedade norte-americana, alcançar maior justiça e inclusão e fazer avançar a agenda latina em temas que afetam os aproximadamente 45 milhões de hispânicos que vivem e trabalham na nação.
A frase foi pronunciada pelo sacerdote Arturo Bañuelas, durante o congresso "Raízes e Asas 2010", realizado em Chicago de 23 a 26 de setembro.
"Você é meu outro eu é a forma latina", disse o sacerdote de El Paso, Texas, ao aceitar o prêmio William Sadlier Dinger, um prêmio que reconhece o trabalho de espalhar a Palavra de Deus na comunidade latina. O prêmio foi entregue durante a reunião anual do Nacional Catholic Council for Hispanic Ministry (NCCHM), organizador do congresso.
Bañuelas afirmou que "esta é a hora dos latinos e queremos contribuir para o futuro de uma nação melhor, mais justa, igualitária, livre para todos, em especial para os pobres". Para ele, é necessário redescobrir a verdade sobre cada pessoa ao invés de acreditar na mentira sobre o outro.
A frase "Você é meu outro eu - disse - oferece um profundo conceito espiritual da vida, um programa econômico de justiça, uma solução cultural para a paz e uma autêntica reforma a favor da dignidade humana".
Rooted in Discipledship: "Enviados em Missão", foi o lema do encontro que reuniu participantes hispânicos vindos de todos os EUA para estudar, a partir da perspectiva da comunidade hispânica no país, até as prioridades dos bispos para o povo católico, explicou Rosemarie Kamke, secretária executiva do congresso, em entrevista.
"Criamos consciência da problemática que os hispânicos enfrentam nos temas de adesão e participação na Igreja e na sociedade, com ênfase no respeito à inculturação e aos valores que cada grupo tem", explicou Kamke, que representa a Instituição Teresiana na NCCHM.
NCCHM é um Conselho formado por 64 organizações, movimentos, universidades e grupos que trabalham ao serviço da Pastoral Hispânica nos Estados Unidos. Sua presidente, Carmen Fernández Aguinaco, que representa as Publicações Claretianas, qualificou como um pequeno laboratório para que "façamos verdadeiramente pastoral de conjunto".
Em sua saudação, o cardeal Francis George, arcebispo de Chicago, destacou a importância da pastoral hispânica num momento em que os latinos são a maior minoria do país e constituem mais de 35% de todos os católicos nos Estados Unidos.
Segundo dados da Conferência Episcopal, desde 1960, os hispânicos contribuíram com 71% do crescimento da Igreja Católica no país, e mais de 50% dos católicos menores de 25 anos são de ascendência hispânica. Cerca de 68% dos latinos dos Estados Unidos se consideram católicos.
Em uma população total de 299 milhões, as projeções do censo destacavam em 2007 uma população hispânica de 45.5 milhões. O número aumentará notavelmente no censo de 2010. É previsto que para 2050 a população de latinos supere os 102,6 milhões.
O cardeal destacou a responsabilidade que os hispânicos têm e o desafio de sua permanência na fé católica, hoje ameaçada pelo avanço das seitas protestantes e do secularismo.
Os palestrantes do congresso falaram da realidade da mudança no país e na Igreja Católica.
As estatísticas apoiam esta nova realidade: os hispânicos constituem 25% de todos os leigos envolvidos em programas diocesanos de formação para o ministério. Dos sacerdotes que se ordenam, 15% são latinos.
De um total de 18 mil diáconos permanentes, 3 mil são latinos e há cerca de 40 bispos de ascendência hispânica, 26 deles ativos. Dom José Gómez foi nomeado recentemente arcebispo de Los Angeles, a maior arquidiocese do país.
Mas existem desafios e problemas. Na conferência de abertura, Dom Jaime Soto, bispo de Sacramento, comentou os temas do congresso, suas luzes e sombras na comunidade cristã.
Deplorou "o silêncio da família hispânica sobre temas de sexualidade, silêncio do qual a cultura dominante se aproveita", a existência de violência doméstica e de machismo.
Resumiu como grandes desafios para a comunidade hispânica: a imigração, os baixos resultados escolares, a falta de acesso ao sistema de saúde, o alto nível de hispânicos nas cadeias, a falta de emprego, a pouca participação política e a deficiente conexão da Igreja com o movimento sindical.
"É essencial que o povo católico hispânico se envolva nestes temas", disse.
(Por Araceli M. Cantero)