MANÁGUA, sexta-feira, 19 de novembro de 2010 (ZENIT.org) - Os bispos da Nicarágua advertem que a deterioração da justiça e do direito no país centro-americano coloca em perigo "a governabilidade a longo prazo". Com relação ao recente conflito com a Costa Rica, os bispos reafirmam a plena soberania do povo nicaraguense sobre o rio São João.
Os bispos dedicaram sua Mensagem Pastoral, após a Assembleia Ordinária Anual, à situação atual do país e, dentro dela, ao conflito com a Costa Rica durante a drenagem do rio São João.
Os prelados afirmam "junto a todo o povo nicaraguense" a "absoluta soberania da Nicarágua sobre o rio São João como algo indiscutível e inegociável para o país".
Eles esperam que "este conflito se resolva no menor tempo possível pelas vias do diálogo, os canais diplomáticos e o respeito ao direito internacional".
Na mensagem, proclamam também um Ano de Oração ante a iminência das eleições de 2011 e um programa de três anos para comemorar o centenário da província eclesiástica da Nicarágua.
Deterioração social
Continuando a mensagem emitida em 23 de abril passado, os bispos reiteram que, ainda conscientes de que sua missão não é política e que não pode suprir o Estado, os pastores afirmam que a Igreja "não deseja ficar à margem da busca e construção da justiça e da paz", citando a encíclica Deus Caritas Est.
Comentando a situação política atual do país, os pastores nicaraguenses constatam desde abril que "a realidade social e política" não melhorou, "mas, pelo contrário, algumas das situações às quais se refiram então continuam se agravando".
Consideram que a lei continua "paradoxalmente sendo um mecanismo para legitimar abusos e tornar legal o ilegal"; o direito "parece ser cada vez mais um instrumento para legalizar de modo artificial as estruturas de poder e as ambições pessoais"; e o Estado "dá a impressão de ser um entremeado de instituições a serviço de interesses particulares e de grupos".
Esta situação, asseguram, tem "repercussões graves para o desenvolvimento econômico do país, para a solução sustentável dos grandes problemas sociais e para a governabilidade a longo prazo".
Citam a Gaudium et Spes para relembrar que "os partidos políticos devem promover tudo o que for necessário para o bem comum; mas em nenhum caso devem antepor seus próprios interesses ao bem comum".
Os bispos exortam "toda a classe política do país, para que pessoas e grupos abram seu coração e sua mente às grandes aspirações da maioria do povo nicaraguense; que vejam de perto seus sofrimentos, entendam sua linguagem e seu modo de pensar e se identifiquem com seus critérios e prioridades".